Foto de Jorge Sepúlveda

Os membros de uma igreja decidiram se reunir para orar. Clamavam a Deus que enviasse chuva, pois havia grande necessidade, uma vez que uma prolongada seca assolava a região.

No dia da reunião, entre todos os presentes, apenas uma menina de 12 anos trouxe um guarda-chuva consigo. Alguns sorriram quando viram a cena, mas um sábio presbítero interpelou o grupo, questionando: “Se estamos aqui para pedir a Deus por chuva, por que não seguimos o exemplo dela?”

É comum sermos crentes na oração, mas demonstrarmos incredulidade diante das respostas. Será que temos a mesma fé dessa garota? Pedimos chuva em nossas orações, mas estamos dispostos a carregar nossos guarda-chuvas enquanto aguardamos a resposta?

A Sagrada Escritura nos exorta a perseverar na oração, conforme registrado em Colossenses 4.2: “Perseverai na oração, vigiando com ações de graças.” A Bíblia ainda registra: “regozijai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, na oração, perseverantes” (Romanos 12.12).

Em períodos de necessidade, somos instruídos a clamar a Deus, conforme expresso no Salmo 61.1: “Ouve, ó Deus, a minha súplica; atende à minha oração.” Essa convocação à oração em momentos de necessidade é fundamental na caminhada Cristã, uma verdade destacada pelo renomado reformador João Calvino. Para ele, a oração é considerada “o principal exercício da fé”, tornando-se um meio vital pelo qual diariamente recebemos os inúmeros benefícios que Deus generosamente concede àqueles que buscam Sua presença.

Segundo Calvino, a oração é uma prática que fortalece a fé e estabelece uma conexão profunda entre o crente e o Criador. Nesse contexto, a oração não é apenas um ato de pedir, mas também um momento de comunhão e confiança, onde nos rendemos à soberania e à vontade de Deus.

Deste modo, ao incorporarmos a oração em nossa vida diária, seguimos o exemplo daqueles que reconhecem sua dependência de Deus e buscam Sua orientação constante. A prática da oração, na visão de Calvino, não é apenas um ritual, mas uma experiência transformadora que nos permite experimentar diariamente a graça, a misericórdia e a sabedoria divinas. Em tempos de materialismo e incredulidade, como os nossos, a oração emerge como um ancoradouro espiritual, fortalecendo nossa fé e estabelecendo uma relação contínua com o Deus que ouve e atende às súplicas de Seus filhos.

Entretanto, temos que nos lembrar que o pecado é um obstáculo evidente em nossas orações, conforme nos instrui a Escritura. Ela nos ensina que “o Senhor está longe dos perversos, mas atende à oração dos justos” (Provérbios 15.29). Além disso, encontramos outra passagem crucial que ressalta como nossas ações podem afetar nossa comunicação com Deus: “Maridos, do mesmo modo, vivam com sabedoria com suas esposas, tratando-as com honra como parte mais frágil e como herdeiras convosco da graça da vida, para que as vossas orações não sejam impedidas” (1 Pedro 3.7).

Esses versículos ressaltam a ligação íntima entre nossos comportamentos e a eficácia de nossas orações. A Palavra nos adverte que a prática do pecado, a falta de consideração e o tratamento inadequado para com os outros, especialmente dentro dos relacionamentos, podem interromper nossa conexão com Deus. A Palavra de Deus direciona a atenção para a maneira como tratamos nossos cônjuges, destacando que isso pode influenciar diretamente a eficácia de nossas petições a Deus.

Assim, esses versículos nos recordam que não apenas nossas palavras em oração são significativas, mas também nossas ações diárias e o tratamento que dispensamos aos outros têm um impacto profundo em nossa comunhão com o Senhor. Buscar a justiça, viver em harmonia e tratar os outros com amor e dignidade são aspectos vitais para manter uma conexão íntegra e eficaz com Deus por meio da oração.

À luz das instruções bíblicas e dos ensinamentos de João Calvino, somos encorajados a aprofundar nossa vida de oração, mantendo uma postura reverente, expressando necessidades sinceras, cultivando um espírito humilde e contrito, e sustentando uma fé confiante naquele que é digno de toda adoração.

Isaías Lobão is a Presbyterian Pastor in Palmas-TO/ Brazil and a Professor at the Federal Institute of Tocantins. He is doing his Doctorate in History at the University of Valencia, Spain. He has graduated from Theology School at the Evangelical Christian College of Plateau and has a Master's degree in Theology from EST - Superior School of Theology. He holds a Bachelor`s degree in History from the University of Brasília, and also a Bachelor`s degree in Philosophy at the Faculdade Única de Ipatinga. Married to Talita, he is the father of Ana Clara and Daniel. It's Presbyterian. He likes salt pamonha and listening to '70s music.