Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio.” 

Quando se vê uma fruta podre numa cesta, a primeira coisa que se faz é tirá-la dali. Nesse caso, não existe meio podre. Sabemos que quando uma fruta passa do ponto, ela já está em um processo irreversível de decomposição, e não serve mais para o consumo. A fim de não contaminar as demais e para que não se corra o risco de alguém comê-la sem perceber, arrancamos a fruta podre da cesta, pois para nada mais presta, a não ser para ser jogada fora.

É muito comum ouvirmos uma interpretação equivocada acerca do fruto do Espírito, tal qual descrito em Gálatas 5, no sentido de que seriam vários frutos, cada marca um fruto diferente, ou que seriam como gomos independentes uns dos outros. Na verdade, é um fruto só, e quando uma dessas marcas não apresenta boa qualidade, é sinal de que o fruto inteiro está doente.

Desse modo, um crente que está sem domínio próprio demonstra sua falta de comunhão com o Espírito Santo, e provavelmente também é uma pessoa que está sem paz, alegria, paciência (longanimidade) e mansidão. Alguém que é infiel, certamente carece de amor ao próximo, assim como aquele que não age com benignidade e bondade. Todas as qualidades do fruto do Espírito são interdependentes e apontam para a qualidade de nossa comunhão com Deus. Trata-se de um fruto completo, não de pedaços.

Em Efésios 5.18, Paulo nos diz que devemos nos encher do Espírito. Mas quais são as evidências de estarmos vivendo cheios do Espírito Santo? Seria o exercício visível de dons espirituais, ou as marcas do fruto que o Espírito proporciona?

Assim, outro erro muito comum quando se pensa no fruto do Espírito é associá-lo ao exercício dos dons espirituais. Geralmente, pensamos que “tal pessoa é cheia do Espírito porque prega bem”, “fulano é cheio do Espírito porque expulsa demônios ou faz milagres”, ou “beltrano é cheio do Espírito porque é bom músico e dirige muito bem o período de louvor no culto”. Ainda que para bem exercer esses e outros dons na Igreja de forma plena é importante estar cheio do Espírito, uma boa performance por si só não é garantia de se estar atuando pelo poder de Deus.

Precisamos lembrar daquilo que Jesus nos ensinou ao fim do sermão do monte – em Mateus 7.15-23, de que pelos frutos vos conhecereis, e que nem todo aquele que diz “Senhor, Senhor”, entrará no reino dos Céus. Tampouco serão conhecidos por Deus os que tentam se credenciar apontando para suas obras e reivindicando: “em teu nome não temos nós profetizado, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres?”. Ao fim, o Senhor lhes dirá: “Nunca vos conheci! Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade”.

Jesus manda nos acautelarmos dos falsos profetas disfarçados de ovelhas, ensinando que nós os conhecemos pelos frutos, não pelas obras. Não se colhe uva de espinheiro, nem figos de abrolhos. Somente a árvore boa produz bons frutos, enquanto a árvore má produz maus frutos.

Do mesmo modo, somente quem anda no Espírito pode produzir bom fruto, pois o Espírito Santo nos transforma em boas árvores. Paulo enumera as obras da carne, quais sejam: prostituição, inimizade, ciúme, glutonaria, dentre outros. Por outro lado, o fruto do Espírito é o amor, alegria, paz, longanimidade, bondade, benignidade, fidelidade, mansidão e domínio próprio.  Por essas características se conhece um verdadeiro discípulo, profeta e qualquer pessoa verdadeiramente cheia do Espírito, não por seus milagres, por suas falas, obras ou retórica.

Muitas pessoas buscam igrejas onde enxergam pastores e líderes com boa performance. No entanto, se esse for o único critério, a decepção pode ser enorme. Quantas vezes já ouvimos falar de pregadores famosos que caíram em grandes escândalos, ou apostataram negando tudo o que outrora pregavam? Quanto mau testemunho já foi produzido por artistas de talento reconhecido que, mesmo se dizendo cristãos, vivem uma vida de imoralidade? Como Jesus deixou bem claro, nem todos que o chamam de “Senhor, Senhor”, ou que fazem grandes obras entrarão no Reino dos Céus, pois são pessoas que praticam iniquidade.

Leia o trecho de Gálatas 5 abaixo. Reflita em quais áreas da vida você milita contra a carne com dificuldade, e quais desses pecados ainda representam forte tentação em sua vida. Peça que o Espírito Santo guie sua vida em cada passo, momento e decisão. Expresse a Deus o  desejo de viver e andar no Espírito, a fim de que todo fruto do Espírito seja visível em sua vida de maneira plena e satisfatória para a glória de Deus.

Galátas 5

¹⁶ Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne.

¹⁷ Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer.

¹⁸ Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais sob a lei.

¹⁹ Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia,

²⁰ idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções,

²¹ invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam.

²² Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade,

²³ mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei.

²⁴ E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências.

²⁵ Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito.[i]


[i] Bíblia Edição Revista e Atualizada.

Foto de Muverrihhanim no Pexels

Warton Hertz is the Partnership Coordinator of Barnabas Aid Brazil. He graduated from UniRitter Law School, also from Martin Bucer Theological Seminary, and a Master of Theology and Ethics from EST – Superior School of Theology.