O Azerbaijão lançou hoje (terça-feira, dia 19 de setembro) o que descreveu como operações “antiterroristas” no enclave Cristão Armênio de Alto Carabaque.

Os oficiais da Defesa de Alto Carabaque afirmaram que os militares do Azerbaijão haviam “violado o cessar-fogo ao longo de toda a linha de contato com ataques de mísseis e artilharia”.

Outros responsáveis de Carabaque falaram de uma “ofensiva militar em grande escala”, enquanto as sirenes de ataques aéreos soavam na principal cidade do enclave, Canquendi.

O Ministério das Relações Exteriores da Armênia pediu às tropas de manutenção de paz da Rússia na região que interviessem e parassem o que disse ser a “agressão em grande escala” do Azerbaijão contra a população de 120,000 Carabaque.

Desde dezembro de 2022, o Azerbaijão, de maioria Muçulmana, sitiou Alto Carabaque bloqueando o Corredor de Lachin, a única rota terrestre para o enclave a partir da Armênia.

No mês passado, os principais líderes da Igreja alertaram para a possibilidade de “uma fome generalizada” entre a população. Esta preocupação foi reiterada em um relatório de emergência publicado no dia 5 de setembro, afirmando que um novo genocídio Armênio “pode já estar ocorrendo” no enclave.

A Baronesa Caroline Cox no Corredor de Lachin, em frente a um caminhão de ajuda humanitária impedido de entrar em Alto Carabaque pelo bloqueio do Azerbaijão

A Baronesa Caroline Cox, membro independente da Câmara dos Lordes do Reino Unido e patrona do Ajuda Barnabas, em uma visita à entrada obstruída do Corredor de Lachin na semana passada, descreveu o desenrolar de uma “tragédia dos tempos modernos”.

“Estamos perante uma situação muito triste”, disse, olhando para um comboio de caminhões impedidos de entregar a tão necessária ajuda humanitária a Carabaque.

Em carta publicada no jornal The Guardian, no dia 18 de setembro, alertou para o “grande sofrimento” que estava a sendo infligido aos civis de Carabaque devido ao “bloqueio brutal” do Azerbaijão.

Cerca de 30 mil crianças correm o risco de sofrer “atrofiamento físico e mental irreversível” resultante de subnutrição grave, alertou. A carta pode ser lida aqui.

A região do Alto Carabaque é habitada por Armênios (que aceitaram o Cristianismo em 301 d.C.) há, pelo menos, 2500 anos. Sob o domínio da União Soviética, foi governada como um oblast independente no seio da República Socialista Soviética do Azerbaijão, tendo sido incorporada a República do Azerbaijão após a dissolução da URSS.

O Azerbaijão e a Armênia entraram em guerra duas vezes por causa de Alto Carabaque, primeiro no início da década de 1990, após a queda da União Soviética, e novamente em 2020. Durante o conflito de 2020, que durou seis semanas, o Azerbaijão reconquistou o território em torno de Carabaque que estava na posse da Armênia desde 1994.

Ore por proteção para os nossos irmãos e irmãs em Alto Carabaque. Peça que a ação militar contra eles seja interrompida e que o bloqueio do Corredor de Lachin seja levantado.