“Então todos o abandonaram e fugiram.” (Marcos 14:50)

Uma multidão de homens armados tinha acabado de capturar Jesus. Era evidente que Ele tinha sido traído e estava em perigo de vida. Empunhando uma espada, Pedro saltou em sua defesa, apenas para que o homem ferido fosse curado no local por Jesus. O que é que os discípulos fizeram a seguir?

Derreteram. Fugiram noite adentro. Eles O deixaram sozinho na hora da Sua maior necessidade.

Eles próprios não estavam em sério perigo, pois era Jesus, o líder deles, cujas palavras tinham atraído tanta ira das autoridades. Mas eles O abandonaram e Jesus estava sozinho – sozinho e em perigo de vida.

Este ano aconteceu o mesmo a alguns dos mais corajosos seguidores de Jesus, os Cristãos do Afeganistão. Os ocidentais, coreanos, centro-asiáticos e outros missionários trouxeram discretamente o Evangelho a este país muçulmano, em que a antiga presença Cristã havia sido eliminada pela perseguição há muitos séculos atrás.

Mediante a graça de Deus, alguns Muçulmanos afegãos encontraram Jesus como seu Salvador, Senhor e Deus. Em 2003 havia cerca de 100 Cristãos afegãos, em 2021 cerca de 5.000 homens, mulheres e crianças – ou assim se crê, pois só Deus conhece o número verdadeiro.

Como convertidos do Islã, as suas vidas estavam em sério risco neste país onde a morte por apostasia fazia parte das leis (de acordo com a sharia Islâmica), embora ainda nenhuma tenha sido efetivamente executada. Nas áreas do país onde os Talibãs governavam em vez do governo Afegão, o risco era ainda maior.

Depois veio o anúncio de que os EUA iriam retirar as suas tropas, que tinham estado no país reprimindo os Talibãs e fornecendo alguma segurança e ordem em nome do governo Afegão. Foi dado um aviso de quatorze meses.

Era previsível que os Talibãs avançariam ainda mais pelo país à medida que os americanos se retirassem. Os missionários estrangeiros e os trabalhadores das ONG Cristãs prepararam-se, portanto, para partir para lugares mais seguros. Alguns queriam ficar com os Cristãos Afegãos, mas as organizações que os enviaram ordenaram que partissem.

Um líder Cristão Afegão contou-me como os Cristãos Afegãos sentiram que os missionários os tinham abandonado e fugido, os deixando sozinhos para enfrentar os Talibãs.

As Escrituras oferecem muitos lamentos de crentes solitários e em perigo de vida, esquecidos ou traídos. Davi escreveu em agonia de coração sobre os seus amigos e companheiros evitando-o, enquanto “Os que desejam matar-me preparam armadilhas” (Salmo 38:12). Outro salmista em grande aflição descreveu a si mesmo como uma coruja entre ruínas no deserto, ou um pássaro sozinho no telhado (Salmo 102:6-7).

Mas a Escritura também nos assegura que há um Amigo que “se mantém mais próximo que um irmão” (Provérbios 18:24), revelado a nós no primeiro Natal como Jesus nosso Emanuel, Deus conosco (Mateus 1:23). A Encarnação, que agora nos preparamos para celebrar, assegura-nos que Jesus, nosso Deus, nunca nos deixará nem nos abandonará.


Este Artigo foi tirado da Revista Fundo Barnabas 

Dr Patrick Sookhdeo is the International Director of Barnabas Fund and the Executive Director of the Oxford Centre for Religion and Public Life.