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Jó observou que “No entanto o homem nasce para as dificuldades tão certamente como as fagulhas voam para cima.” (Jó 5:7). Jabez orou para que pudesse ser livre da dor (1Crônicas 4:10) mas a história dos nossos primeiros pais, Adão e Eva, foi que a dor entrou no mundo através da rebelião e agora configura a nossa própria existência.

Covid-19 tem produzido um efeito devastador em muitas partes do mundo, nenhuma mais do que a Índia. Os seus efeitos sobre a Igreja indiana têm sido horrendos. Enquanto escrevo isto, sabe-se que mais de 350 líderes cristãos morreram, e provavelmente o número real é muito, muito superior.

Ninguém foi poupado – bispos, pastores, evangelistas e outros líderes da igreja sucumbiram, bem como os seus rebanhos. Muitos ministérios que perderam os seus líderes estão à beira do colapso. No pesadelo da Covid-19, a doença é seguida de devastação econômica e miséria. Os analistas cunharam o acrônimo VUCA (da sigla em inglês) para descrever a nossa situação atual, que se caracteriza pela volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade.

Viver com a VUCA cria ansiedade e destrói a esperança. Mas não podemos dar lugar ao desespero. A Igreja não pode recuar. Não podemos fugir do campo de batalha. Cada crise apresenta uma oportunidade que devemos aproveitar. Porque Deus está no controle e os Seus propósitos para o Seu povo e para este mundo serão cumpridos. Uma VUCA Cristã é, portanto, necessária.

Visão

Em tempo de sofrimento, guerra e pestilência, Habacuque é orientado a “escrever a visão” (Habacuque 2:2). Não podemos viver sem visão, pois a visão nos leva para outro reino: o reino do Divino. Ela nos dá o propósito da nossa existência: cumprir a vontade Divina. Nos mostra o que Deus quer e o nosso lugar.

“Onde não há revelação divina, o povo se desvia;” (Provérbios 29:18 AV). Precisamos olhar para além do físico e temporal, para o sobrenatural e eterno.

Compreensão

Precisamos compreender os tempos. Habacuque continuava questionando o Senhor, mas há muito tempo os homens de Issacar tinham compreensão dos tempos (1Crônicas 12:32). Este dom nunca foi tão urgentemente necessário. Sim, precisamos da ciência para nos dar explicações racionais do que está acontecendo, mas também precisamos desesperadamente dos profetas, dos homens e das mulheres de Deus que tornarão clara a visão, colocando-a no nosso contexto, nos permitindo compreender o que está acontecendo e o nosso papel nisto.

Coragem

Precisamos de coragem para não recuar, para não nos afundarmos sob fardos pesados, para não vermos apenas oposição e obstáculos no nosso caminho. Habacuque estava rodeado de catástrofe, mas temia apenas ao Senhor (Habacuque 3:2). Precisamos de coragem para avançar quando tudo parece desesperado, para avançar com compaixão e um coração de amor para trazer conforto aos aflitos. Paulo escreveu sobre o amor contundente de Cristo que nos constrange (2Coríntios 5:14).

Ação

Tudo isto deve conduzir à ação. Habacuque continuou destemido em sua tarefa dada por Deus (Habacuque 2:1). A ação requer determinação. Significa tomar a iniciativa, romper com a nossa apatia, decidir o que deve ser feito e fazê-lo. Significa procurar a vontade e orientação de Deus e depois agir de acordo com a Sua vocação. Deus nos chama a uma vida de fé. Vivemos a vida para a qual Ele nos chamou e continuamos a confiar Nele. “o justo viverá pela sua fé” (Habacuque 2:4 ARA).

A fé permite nos alegrarmos no Senhor, ainda que “não florescendo a figueira, não havendo uvas nas videiras; mesmo falhando a safra de azeitonas, não havendo produção de alimento nas lavouras, nem ovelhas no curral nem bois nos estábulos, ainda assim eu exultarei no Senhor e me alegrarei no Deus da minha salvação” (Habacuque 3:17-18). Sabemos que no final o Senhor será vitorioso e “a terra se encherá do conhecimento da glória do Senhor, como as águas enchem o mar” (Habacuque 2:14).


Foto de Ansgar Scheffold no Unsplash


Este artigo foi originalmente publicado na Revista Fundo Barnabas

Dr Patrick Sookhdeo is the International Director of Barnabas Fund and the Executive Director of the Oxford Centre for Religion and Public Life.